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domingo, 8 de dezembro de 2013

Às vezes um clichê

Alguns tem como missão de vida nos fazer triste, mas é bom ter alguém que dedica toda a sua atenção pra nossa felicidade.
Uma conquista não se compara a um "de repente" bom e agradável. Não havia nem sequer a possibilidade de prever alguém como você na minha vida.
As coisas que eu mais valorizo em alguém, eu achei em você e foi além disso. Você apresentou características novas que passei a admirar.
Tudo está sendo novo e único. É difícil dizer isso depois de tantas experiências mal sucedidas ao longo de uma vida tão jovem quanto a minha, mas que já daria uns 5 livros de uns 3 gêneros diferentes.
Você é por mim e eu sinto. Eu sou por você e agradeço!
E todos os dias, linha por linha, vamos escrever juntos essa nossa história, apagando as partes indesejadas, acrescentando os personagens do nosso interesse, partilhando de todos os momentos juntos, sejam eles bons ou ruins, e tudo isso sem pensar em final. Será nosso livro sem fim!
Prometo parar de bagunçar sua franja pra te fazer raiva se você prometer que vai continuar me dando beijos provocantes.
Não é por isso ou por aquilo, mas é por tudo isso junto que faço esse texto.
O casal com 40 cm de diferença com certeza causa assunto na faculdade -sei disso- e é bom segurar sua mão enquanto andamos pelo pátio. Assim como é ótimo rir com você e sua família tão gentil.
Talvez seja alguma força superior calando a minha boca por ter ouvido eu dizer que nunca mais namoraria na minha vida (Radical demais).
Mas as circunstâncias de um tempo atrás me levavam a pensar assim.
Até que você apareceu com tudo o que eu queria e precisava, somado à um cabelo loiro natural e à um óculos cor de rosa que te tornam ainda mais perfeita!
Obrigado por ser minha esperança e minha felicidade, Carolina Godoy Trintini.
Eu amo você!
<3

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Carpe Diem

Preocupação é o que há entre o sonho e a realização.
Não tiro a razão do meu subconsciente quando o ouço me dizendo:
“Seu quarto é seu mundo, Victor. Inclua as pessoas certas dentro dele, as selecionadas do mundo real.”
E o fruto desse diálogo com o meu eu, se resume em uma reflexão:
“O ontem me fazia desejar o amanhã, e o hoje me faz ter saudades do ontem”. Contraditório, eu sei. Porém, dá sentido àquela frase: “Aproveite cada momento!”
É, parece que descobri o que dizer aos meus filhos e o porquê dizer isso à eles.
Parece que foi ontem os meus 17 anos. É como eu disse em outros textos, não tinha nada demais, mas simplesmente não tinha tanta coisa ao mesmo tempo.
Exatamente isso. Não tinha nada demais, era tudo suportável.
Era bom deitar na cama com a cabeça pesando o próprio peso, colocar a mão entre a nuca e o travesseiro, pensar na menina bonita da escola que nunca nem me dava papo, desenhar com os amigos, jogar videogames sem esse grau de realidade que dizem ser tão influente...
Hoje, deito na cama e assisto a um filme no teto projetado pelos meus olhos. Os acontecimentos do dia, a prova e a preocupação sobre meu desempenho nas atividades. Minha cabeça hoje pesa seu peso próprio somado ao peso das preocupações do mundo, somada à responsabilidade de realizar, junto com a responsabilidade de corresponder e superar expectativas...
E vai faltando tempo pra ser apenas eu.
Fazer o que eu gosto, sair com amigos, ir à praia num final de semana e poder ficar até o dia amanhecer sem ter que me preocupar com o horário da segunda-feira, sair sem me preocupar com que roupa vou usar.
O desconhecido me dá tesão, mas os conhecidos me causam saudades.
E se parar pra pensar, a saudade é inexplicável.
Hoje, a menina bonita me dá papo, hoje praticamente somos inspiradores dos videogames que antes nos inspiravam, hoje dá pra ter e não apenas desejar...
Mas acho que a tranquilidade de não ter que se preocupar com as contas, rotina, obrigações... Acho que é disso que todos nós sentimos falta!
Dá pra ser simples como antes, mas não dá mais pra se adaptar.
Evoluir, crescer é um ciclo vicioso e irreversível.

domingo, 10 de novembro de 2013

3000 lágrimas

De repente, eu meio que sei o que é melhor pra mim.
Parei de dar ouvidos ao que não merecia nem ter tido voz.
Do começo ao fim, sem sim. Do começo ao fim, não deveria haver começo então.
Permita-se ser feliz sendo livre. A pior prisão é aquela que está de portas abertas mas não conseguimos sair.
Em certo ponto, somos culpados por nos culpar tanto por uma coisa que não há culpados. Se um dia eu errei, significa que era algo que eu precisava saber, precisava passar por isso para não mais cometer.
"Não mais cometer". Isso ecoa pela minha cabeça numa tentativa frustrante de que se torne real.
Estou tão apto ao erro quanto ao aprendizado. Mas, por outro lado, estou tão apto ao aprendizado quanto ao erro.
O fracasso tem gosto ruim, e nos faz não mais querer provar disso. Essa é a fórmula para o sucesso, conhecer o que não nos agrada.
O sofrimento é remédio para a infelicidade. Sofra, e então dará valor a cada fração de sorriso que esboçar.
A vida nada mais é do que uma junção finita de momentos finitos.
Por piores que sejam os momentos, fazem parte da constituição de um momento bom bem curto, mas, único.
O começo do entendimento é questionar o porquê de não entendermos alguma coisa.
Certas coisas não entendo.
Pra que me fez virar a cabeça pro lado e te observar se não tinha interesse na atenção que meus olhos te davam?
Então, com três mil lágrimas roladas rosto abaixo, pude compreender que o brilho dos olhos se casam antes dos lábios.
Se isso não acontecer, os lábios se casam por puro erro!

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

A arte de saber calar a boca

Nem sempre as emoções alheias são compatíveis com as palavras que você diz.
A rispidez pode ser apenas questão de interpretação.
Portanto, no bom sentido da coisa, cale a boca. Faz bem pra você, pro outro e para qualquer tipo de relação.
Mantenha o bom senso e respeite que nem todo dia as pessoas estão bem, de bom humor. Afinal, vai acontecer com você qualquer manhã que tiver que ir trabalhar num dia de chuva, quando for mal em uma prova, quando brigar com a namorada ou namorado, ou em qualquer outra situação do cotidiano.
Tenho pensado simplesmente em como é fácil aceitar isso, mas como tornamos as coisas tão complexas. Parece instintivo, mas é ignorância humana.
É só respeitar, entender.
Todo mundo se sente mal quando ouve uma resposta mais mal educada de alguém, mas basta não deixarmos ou provocarmos mais de uma. Pare na primeira, e quem respondeu mal, perceberá que agiu errado.
O sentido é o mesmo encontrado em deixar alguém ficar com a razão apenas para encerrar um assunto.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Vou me embriagar de você

Vai! Diga mais uma vez que me ama.
Pois, de todas as suas mentiras, essa foi a que eu mais gostei.
Deixe-me calcular sozinho o prejuízo dessa aventura.
Essa garrafa de bebida alcoólica é a única coisa que me enxerga no meio dessa multidão. Digo isso porque, ao olhá-la, vejo meu próprio reflexo, como se eu estivesse olhando dentro dos olhos de quem um dia me surtiu o mesmo efeito que esse líquido me surti agora.
Sou só eu nesse mundo de nós. Irônico, não?!
Ao menos devolva as cores do meu mundo. Preto e branco cansa.
Ao menos devolva os sabores e aromas. Essa vida já deu.
E, se possível, devolva os rostos das outras pessoas. Todas elas tem uma mancha preta no lugar da face, sempre com a inicial do seu nome em branco pra contrastar.
É, me lembro bem do seu nome ainda. Sim!
Aliás, o problema desse líquido claro que existe dentro dessa garrafa companheira é que ele nos dá coragem pra falar o que está preso, mas traz à tona os pensamentos que queríamos esconder e os deixam tão claros quanto sua própria cor.
Vejam só, quantas lembranças...
Espere. Volte essa!
Aí está você. Lindo dia esse que nos conhecemos, você estava linda.
Vi brilho nos seus olhos, e sempre vejo significado nisso. Mas, talvez não houvesse algum.
Seres humanos fazem aquela promessa idiota para si mesmo, de que não decepcionaria a pessoa se tivesse a oportunidade de fazê-la feliz, na esperança de que haja algum tipo de conexão entre sua mente e a do seu "amor" e que ela o aceite por isso. Que idiota!
Amor não conecta ninguém, apenas diferencia, torna mais perfeita a pessoa que amamos com relação à outras.
Verdade. Nem eu mesmo tinha pensado nisso!
Talvez sua concepção de felicidade nem fosse a que eu imaginei. Talvez ser tudo pra alguém não seja exatamente ser feliz pra você.
Garrafa amiga. Você sim contém algo bom.
Claro, amargo, quente e enlouquecedor.
Sim, esse é o amor.
Vou beber mais!!

domingo, 11 de agosto de 2013

Rua das sensações boas


...O nome dele é Antônio! Um caiçara solitário, de 18 anos de idade, que vive em uma pequena cidade litorânea.

Ele tinha uma namorada chamada Brenda. Sim, uma garota ambiciosa e que só estava com ele pelo seu belo sorriso e olhos verdes, apenas pelo Status de namorar um dos rapazes mais bonitos da cidade.
Era uma menina muito bem cuidada, mas que tinha como defeito sua falta de humildade, sempre pisando em quem podia em prol daquilo que queria.
Antônio odiava isso nela, mas mantinha o namoro porque os pais de Brenda eram donos das terras que a família dele morava. Seu medo era de que seu rompimento com Brenda pudesse trazer problemas aos pais dele, que era algo que ele jamais queria que acontecesse.
Mas na Rua das sensações boas as coisas acontecessem de uma forma diferente.
Antônio já não se sentia bem com a situação do seu namoro e com o tipo de pessoa que sua namorada era. Então, em uma noite calma e estrelada, o rapaz senta-se à beira do mar e conta à ele e às estrelas as coisas que o incomodam, fala de Brenda e também de uma possível esperança de encontrar alguém que realmente tenha algo em comum com ele.
Uma semana depois, uma nova família chega para morar na rua das sensações boas. Pedro Paulo e Ruthi vieram do interior do estado. Eles tinham uma filha chamada Anabel.
Seu jeito quieto e de sorriso fácil chamou a atenção de Antônio. Ele logo se lembrou de seu desabafo à beira mar e do seu pedido ao ver uma estrela-cadente: "Que um coração puro me direcione à um olhar claro e à um beijo doce". Não parava de pensar nisso.
O primeiro contato dos dois aconteceu por acaso.
Eles se conheceram em uma noite de luau que reunia os jovens da cidade, o que era bastante comum aos finais de semana.
Os pais de Anabel acharam interessante que ela fosse ao evento para se adaptar ao local e aos futuros novos amigos, sem nem pensarem na possibilidade de que a garota tímida encontrasse alguém que balançasse seu coração.
O primeiro "Oi" foi tímido. O segundo também. O terceiro já nem tanto.
A então namorada de Antônio, percebendo o que estava acontecendo, resolveu o ameaçar e pediu para que se findasse o que ele chamou de Amizade, mas que no fundo ele mesmo sabia que não era apenas isso.
Brenda disse que diria à seu pai que expulsasse a família de Antônio do seu terreno, caso eles terminassem.
O rapaz se viu obrigado à se afastar de Anabel.
Pensativo por muitos dias, ele resolve conversar com sua mãe sobre o ocorrido. A mãe, assustada com a capacidade manipuladora de Branda, diz: Siga o seu coração, meu filho. Chegamos aqui com os nossos corações. Encontraremos outro lugar também com nossos corações, caso sejamos expulsos.
Após um diálogo longo, Antônio procura Anabel em sua casa e é avisado pelos pais da moça que ela havia saído para caminhar na praia. Antônio vai ao seu encontro e, na parte mais deserta da praia, com uma lua enorme enfeitando o céu, está Anabel e eles se encontram. Antônio explica tudo à Anabel, que entende, mas teme o que pode acontecer aos pais dele caso fiquem juntos.
Ele diz: "Tudo ficará bem se ficarmos bem"
Então, beijam-se sob a luz da lua.
No dia seguinte, já caminham de mãos dadas pelas ruas.
Ao ver aquilo, Brenda diz apenas uma vez: "Eu te avisei". E volta para casa com os olhos avermelhados e que juravam vingança sem que ela sequer falasse alguma coisa.
Ao contar aos pais, eles sorriem e dizem: Filha, não podemos expulsar uma família só porque você se decepcionou com o filho deles, que era seu namorado. Isso não é certo!
Além disso, eles são nossos amigos e você não faz muito o tipo do Antônio. O garoto é de vida simples, e você sempre foi muito orgulhosa e sabe bem disso. É normal que não aceite perder, mas deve se acostumar com isso"
Ao saber da resposta do pai, Brenda se viu obrigada a tentar intervir.
Pensou durante dias e, então, resolve mentir e fingir uma gravides.
-"Isso mesmo, Antônio. Grávida. Estou grávida de um filho seu. Ou devo dizer de um peixinho seu, caiçara?"
Ao receber aquela notícia, Antônio não conseguia nem olhar para o rosto de Anabel, que também sabia da situação desconfortável em que ele se encontrava. A garota apenas o segura pelo braço, com uma delicadeza típica de alguém do interior, e sussurra: "amanhã nos falamos, Tony -Como ela o chamava. Sei que precisa desse tempo."

O porém está exatamente na seguinte questão: "Para alguém decepcionado, amanhã não consta em nenhum dicionário".
Anabel vira-se e sai, antes mesmo de Antônio poder pensar em qualquer resposta. Ele não viu, mas Anabel chorou, e muito mais ao entrar em casa, no seu canto improvisado chamado de quarto.
A mentira de Brenda causou um impacto na vida de pessoas que nem ela mesma sabia que poderia causar. As famílias dos dois viram a necessidade de um casamento forçado e rápido, pois, em cidade pequena, moça grávida e solteira não é bem vista.
Antônio e Anabel evitaram de se ver por um longo tempo. Na verdade, não se viam mais por vontade própria. Os encontros aconteciam em ruas, comércios e outros lugares públicos que os dois visitavam.
Sempre que se viam, se encaravam e trocavam olhares por muito tempo. A vontade era de trocarem sorrisos e outras coisas mais. Mas, logo se lembravam de que um deles já tinha um vínculo com outra pessoa, mesmo que fosse por acidente (ou mentira, neste caso).
Era notável o desânimo de Antônio. O rapaz chegou até a ficar doente durante pouco mais de uma semana, com algo que nunca se conseguiu um diagnóstico exato do que fosse. Era apenas amor, mas médicos não dizem isso, né?!

Brenda se mostrou preocupada pois sabia que sua farsa seria descoberta mais cedo ou mais tarde. Afinal, mulheres grávidas precisam ganhar barriga. É algo, obviamente, natural. Apesar disso, a garota jamais pensou em desistir da mentira e perder seu "amor forçado".
Ela sabia que precisava pensar em uma solução. O tempo passava mais rápido do que sua barriga não crescia.
O casamento foi marcado para uma data dois meses à frente.
Brenda precisava convencer a todos de que precisava se casar na semana seguinte. Ela reuniu todos em uma noite de domingo e disse, exatamente com esse tom de firmeza: "O casamento deve ser no próximo Domingo, às 19 horas, na beira da praia!"
Todos olharam para ela assustados. Ela continuou:

-Não me importo de que seja na praia, desde que tenha um padre e uma decoração a minha altura. 
O pai dela logo olhou para sua mãe, como quem dizia: "Isso aí é culpa sua. Vai vendo!"
As indagações se estenderam por horas, mas como esperado, Brenda venceu.
A notícia logo chegou aos ouvidos de Anabel através de sua mãe.
A jovem nunca tinha passado por uma situação desse tipo, e usou a desculpa de estar cortando cebola para explicar as lágrimas que surgiram. "Salva por uma cebola", ela pensou , sabendo que seria incapaz de sorrir do próprio pensamento.

A semana passava, as horas se aproximavam.
A felicidade chegava para uns, já para outros, a felicidade morria aos poucos.
O sábado chega, a véspera do casamento.
Brenda está com algumas pessoas fazendo os últimos ajustes em seu vestido, no seu quarto. Entre essas pessoas, está sua mãe.
Ao saírem dali as pessoas desconhecidas, a mãe de Brenda diz: "Filha, preciso conversar com você sobre algo muito sério". Brenda consente e senta-se na cama
E a mãe começa:

-"Seu pai e eu tínhamos 17 anos quando nos conhecemos na escola. Sempre fomos fiéis e sinceros um com o outro.
No início, nem sentíamos amor propriamente dito, mas sim uma amizade fora do convencional.
As coisas foram acontecendo aos poucos, demos tempo ao tempo e as coisas foram se acertando, se encaixando, até que começamos a namorar, aos 19 anos."
Brenda se assustou com o fato de seus pais terem demorado dois anos para ficarem juntos, mas a mãe explica onde quer chegar:
"Brenda, eu sou sua mãe, sei o que uma mulher passa quando está grávida. Sei que sua barriga deveria estar crescendo, sei que você deveria sentir enjoos, e demonstrar outros sinais no seu ciclo menstrual. Você nem sequer sente desejos por comidas exóticas, frutas fora de estações, coisas que são normais à uma grávida.
Eu sei, com toda certeza, que você não está grávida, e que essa mentira surgiu exatamente na época que você sabia que iria perder o Antônio para Anabel."
Brenda apenas olha para o chão, vestida de noiva, chorando, pensando.
O aparelho de som do seu quarto tocava músicas que passavam despercebidas. Mas ela deu atenção a música que começou a tocar naquele momento: Creed- With arms wide open

A letra da música parecia estar sendo cantada por Antônio, que só aguardava pela cerimônia em casa, quieto, sem nem sentir fome, quem dirá vontade de se casar com quem não amava.
Brenda chorou e contou tudo que estava acontecendo para sua mãe, todos os detalhes, tudo o que sentia.
A mãe apenas disse: "Você sabe o que deve ser feito. Não vou interferir naquilo que te faz feliz...
Mas Lembre-se: O amor deve ser um encontro da felicidade em outra pessoa. E se você for procurar sua felicidade em Antônio, vai ver que a felicidade dele se chama 'Anabel', e devo te lembrar que o seu nome é 'Brenda'. Brenda!"
A mãe sai e deixa a filha de boca aberta no quarto, espantada por aquelas palavras terem feito tanto sentido, mais sentido do que deveriam fazer.
Brenda sabia que a noite que se aproximava seria a mais longa de toda sua vida jovem. Ela sabia que precisaria pensar muito se queria ter o homem que ela amava, ou se deveria libertar o homem que não a amava, que, para todos os efeitos, se tratava do mesmo homem. Eis o dilema!
Pois bem. A noite chega e Brenda se deita, mas não consegue dormir, exatamente como ela imaginava que seria.
Ela só consegue pensar, tentando encontrar uma resposta sobre o que fazer... ou o que não fazer.
No domingo de manhã, a Rua das sensações boas já não transmitia tantas sensações agradáveis à Antônio e  a Anabel, ambos frustrados, cada um com seu motivo, mas que se encontravam em um motivo em comum: A perda um do outro.
"Menina linda, eu quero morar na sua rua. Você deixou saudade...", sussurrava Antônio, deitado na beira do mar, horas antes de seu casamento forçado.
Anabel, estava em casa com uma dúvida um pouco mais tímida, mas não menos cruel e dolorosa:
"Será que devo ir ao casamento? Ver ele partir de eu para ela em um 'sim'? Será?"
Enfim, depois de todos os últimos ajustes, chega a hora do momento tão esperado... por Brenda. Ou, talvez, já não fosse tão esperado assim.
Era domingo, 19 horas, como Brenda havia pedido que fosse. Pedido sem outra opção de resposta que não fosse o "sim" que ela era acostumada a ouvir de seus pais e de todos.
Antônio já estava ao lado do padre aguardando Brenda. Seus olhos procuravam Anabel na multidão que se acomodava aos poucos nas cadeiras de madeira rústica, que foram outra exigência de Brenda quanto ao casamento.
A noiva chega, todos se levantam. Vestida de noiva, porém, descalça. Ele, de termo e gravata, e descalço, afinal, estavam na praia.
Antônio estava ainda mais preocupado, pois não havia visto Anabel antes de realmente assumir um laço mais forte com outra pessoa. Ele queria vê-la, desejá-la, antes que seu próprio corpo pertencesse à outra pessoa que não fosse ela. Ele queria beijá-la apenas com os olhos, queria tocá-la apenas com sua presença, mas ela não aparecia.
Anabel, usando um vestidinho rosa, levemente florido, com um coque no cabelo que mostrava apenas algumas pontas que balançavam com o vendo, além de uma franja modesta, observava tudo de longe. Ela sabia que deveria se aproximar, estar entre eles, e o fez. Aos poucos, ela foi se aproximando até sentar-se na última cadeira, bem distante de Antônio, que, apesar da distância, a via perfeitamente.
O padre começou. Daquela velha forma conhecida por todos, até chegar naquela pergunta.
"Se alguém tem algo contra esse casamento, que fale agora ou cale-se para sempre"
Nesse momento, instala-se um silêncio fora do comum, ninguém ousa interferir naquilo. Tudo que Antônio conseguia ouvir era o choro interrompido de Brenda.
Ela logo começa a gritar chorando:
"Parem! Parem tudo isso! É um erro, isso está errado!"
Antônio não entende nada, assim como todos os convidados. Apenas a mãe de Brenda esboça um sorriso de satisfação que intriga ainda mais o pai de Brenda. Ela parecia convicta de que a filha estava fazendo a coisa certa.
"Antônio, não peço que me perdoe, porque isso seria ainda mais insensível da minha parte. Apenas peço que procure me entender:
EU NÃO ESTOU GRÁVIDA" -Grita Brenda a todos os presentes. Ninguém consegue dizer nada, apenas esperam que ela conclua o que a levou a mentir de tal forma.
"Era medo de perder você para a Anabel, era insegurança, apenas isso. Porque sem você eu temia o que eu poderia me tornar. Mas agora percebo que privar você do amor que sente por Anabel e ela por você é um erro, um erro que ganha força por ser agravado por uma mentira minha" -Brenda ajoelha-se e chora.
Antônio fica sem ação. Ao tentar tocar em Brenda, ela se esquiva e diz:
"Por favor, me perdoe, Antônio. Me perdoe!"
Ele responde:
"Não sei porque você fez isso, Brenda. Não tinha motivos!
Você é uma das meninas mais lindas da cidade, qualquer rapaz se interessaria por você, assim como muitos já se interessam. Muitos, mais belos e ricos do que eu..."
Brenda o interrompe:
"Mas e o fator 'amor', Antônio? Eu não amo eles. Eu amo você, mas não posso obrigar você a me amar e sei disso. Agora eu sei.
Lá está o seu amor, é ela -Brenda aponta para Anabel- E eu não posso fazer nada sobre isso.
Assim como eu não amo outro que não seja você, você não ama outra que não seja ela."
Antônio olha para Anabel.
"Vai, fica com ela, já que é a quem ama. Só posso te desejar a felicidade, porque era tudo que eu queria com você."
Após ouvir aquilo, Antônio e Anabel aproximam-se aos poucos, olhos fixos, talvez pensando em como aquela situação poderia ter se revertido a favor dos dois.
Brenda sai correndo em direção de casa, seguida por seus pais.
As pessoas presentes apenas aguardam o que irá acontecer, pessoas de cidade pequena, que apenas querem ter assunto para comentar no dia seguinte na fila do pão logo cedo, para comentarem no trabalho, enquanto quem escuta alguém contando apenas diz "Jura? Mentira!!", enfim..
Antônio e Anabel conversam durante 2 minutos, foi o tempo que resistiram antes de se beijarem.
Não importa que um casamento tinha se desfeito naquele momento, não havia amor recíproco.
O que importa é que o amor de verdade agora estava unido, sob a luz da lua, perto do mar e ignorando o fato de haver pessoas fuxiqueiras ao redor. Beijam-se, só.
(...)
Brenda mudou-se para o Canada, na casa de uma prima para estudar. Ela resolveu focar-se nos estudos para se esquecer do que havia feito de errado, decisão apoiada pelos pais e até mesmo pelo próprio Antônio.
Ah, sim, eu já ia esquecendo. Antônio e Anabel haviam procurado Brenda na sua casa para dizer que não havia mágoas e ficaram sabendo que ela iria viajar.
Depois de tudo resolvido, a Rua das sensações boas voltou a dar sentido ao seu nome.
Antônio e Anabel ficaram juntos e se casaram 2 anos depois.
E NÃO viveram felizes para sempre, porque problemas são normais e aceitáveis em uma vida à dois.

tentei criar um final não clichê, mas ficou clichê. Aff.


domingo, 21 de julho de 2013

Eu: Quem?

No momento, me encontro atrofiado, afogado num mar de pensamentos não férteis, que, além disso,  me proporcionam uma sensação de incapacidade.
No momento, me sinto incapaz de me locomover. Não no aspecto funcional, posso ir onde quiser nesse sentido. 
Mas, onde quer que eu esteja, meus pensamentos e minha alma estarão em um único lugar, que não é exatamente alí ou lá, mas sim, nela! 
E, no momento, estar com os pensamentos nela me torna incapaz de ir à algum lugar.
A sensação é de...
Sei lá...
O mundo tinha eu, que sempre fui 99% pensamentos e 1% diálogo. Hoje, o mundo já nem me tem mais.
Aliás, o que sou eu agora?