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quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Vou me embriagar de você

Vai! Diga mais uma vez que me ama.
Pois, de todas as suas mentiras, essa foi a que eu mais gostei.
Deixe-me calcular sozinho o prejuízo dessa aventura.
Essa garrafa de bebida alcoólica é a única coisa que me enxerga no meio dessa multidão. Digo isso porque, ao olhá-la, vejo meu próprio reflexo, como se eu estivesse olhando dentro dos olhos de quem um dia me surtiu o mesmo efeito que esse líquido me surti agora.
Sou só eu nesse mundo de nós. Irônico, não?!
Ao menos devolva as cores do meu mundo. Preto e branco cansa.
Ao menos devolva os sabores e aromas. Essa vida já deu.
E, se possível, devolva os rostos das outras pessoas. Todas elas tem uma mancha preta no lugar da face, sempre com a inicial do seu nome em branco pra contrastar.
É, me lembro bem do seu nome ainda. Sim!
Aliás, o problema desse líquido claro que existe dentro dessa garrafa companheira é que ele nos dá coragem pra falar o que está preso, mas traz à tona os pensamentos que queríamos esconder e os deixam tão claros quanto sua própria cor.
Vejam só, quantas lembranças...
Espere. Volte essa!
Aí está você. Lindo dia esse que nos conhecemos, você estava linda.
Vi brilho nos seus olhos, e sempre vejo significado nisso. Mas, talvez não houvesse algum.
Seres humanos fazem aquela promessa idiota para si mesmo, de que não decepcionaria a pessoa se tivesse a oportunidade de fazê-la feliz, na esperança de que haja algum tipo de conexão entre sua mente e a do seu "amor" e que ela o aceite por isso. Que idiota!
Amor não conecta ninguém, apenas diferencia, torna mais perfeita a pessoa que amamos com relação à outras.
Verdade. Nem eu mesmo tinha pensado nisso!
Talvez sua concepção de felicidade nem fosse a que eu imaginei. Talvez ser tudo pra alguém não seja exatamente ser feliz pra você.
Garrafa amiga. Você sim contém algo bom.
Claro, amargo, quente e enlouquecedor.
Sim, esse é o amor.
Vou beber mais!!

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