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sábado, 22 de dezembro de 2012

Teatro é vida, mas a vida não é uma peça teatral: Não dá pra ser protagonista da própria felicidade!


Até certo ponto, é bom relacionar a vida à uma peça teatral.
Numa peça, basta ensaiar e tudo dá certo, cada um fazendo sua parte e o espetáculo se desenha.
Coloca-se a máscara de um sorriso e quem assiste acha que é assim mesmo.
Além disso, alguém te da um rumo, um caminho a seguir, com as escolhas e decisões todas já estabelecidas em um papel e, algumas vezes, improvisamos um pouco.
E se você for o protagonista da peça, não importa o que aconteça, a felicidade maior será sua!
Os coadjuvantes serão sempre coadjuvantes. Em certos momentos, tentarão ser protagonistas, mas não serão capazes de exercer o papel, como naqueles momentos em que a amada do ator principal se envolve com alguém que não seja ele. Ela sempre volta pra onde nunca deveria ter saído e, assim, finda-se a peça. Os atores vão para um bar e comemoram, sem esquecer que, apesar de comovente e lindo de assistir, tudo era fingimento (ou profissionalismo, caso prefiram).
Mas...
Na vida, tudo tende a dar errado, até porque não há ensaio.
As máscaras de sorrisos existem na vida real também, mas, na certa é para esconder uma dor, uma tristeza.
Sem contar que não há nenhuma dica, nenhum rascunho de quais são os passos certos a serem dados, e muito menos um roteiro. Tudo o que a vida faz é te colocar num cruzamento de caminhos, sem te dizer onde cada um te levará. O resto, é com você.
Tudo o que existe são dificuldades demais em certos caminhos, que nos fazem optar por um caminho mais fácil, obviamente. Porém, o caminho cheio de dificuldades guarda uma recompensa muito maior e tem pessoas do seu mesmo tipo atravessando também, mesmo com todas as dificuldades. E eu tenho o dom de escolher sempre o caminho que não posso contar com ninguém e, por incrível que pareça, essas boas pessoas do outro caminho me resgatam e dizem: "Vem cá, Victor. Aqui eu te ajudo a passar. Vem com a gente". E várias vezes fui salvo da solidão de um caminho que parecia fácil. Salvo por pessoas que tem o amor em primeiro plano e a alegria em segundo. E que as vezes até colocam a alegria em primeiro plano, mas o amor sempre vem logo depois. Sim, isso é a vida.
O problema da vida, acredito que o maior de todos os problemas, é que apesar de sermos donos de nós mesmos, NUNCA somos protagonistas da nossa própria felicidade. Na certa, todo mundo já ouviu alguém dizer - ou já disse pra alguém - que ninguém é feliz sozinho.
Acontece que sempre somos coadjuvantes de uma peça chamada Felicidade. E, geralmente, essa peça é apresentada no teatro Vida, o teatro das emoções fortes, como é conhecido.
A felicidade é boa quando a temos, mas até encontrarmos... é problema.
Diz que alguém é ou pode ser sua felicidade, mas não liga se a pessoa te vê como felicidade da vida dela. Ou, pelo menos, não da forma que você imagina.
As vezes, um alguém te faz tão bem que você acaba querendo pra você, sem nem pensar que você pode não ser exatamente o que a pessoa quer.
E tá aí o problema: A busca pela felicidade é minha. Não posso culpar ninguém por não aceitar meu convite de me fazer feliz como eu quero.
Um outro ponto teatral e também real, é que a amada sempre volta para o ator principal. Então quando eu encontrar alguém que me faça feliz, eu serei ator principal ou coadjuvante? Será minha mesmo, ou estarei apenas construindo ou atrapalhando a história de alguém?
Bom, isso é a vida. Por mais inaceitável que seja minha história de amor, eu tenho que vivê-la pra que seja única, mesmo que seja triste.
Por outro lado, pensar que a vida é assim me causa um conformismo e eu não aceito as condições impostas a mim até agora. E se eu discordar do que a vida me impõe, o que acontece?
Até agora tenho aceitado todas as decepções calado e mantendo a linha, o padrão. Vai que isso muda...
E, por ultimo, temos aquilo, que é onde a vida mais se afasta dessa coisa maravilhosa que é o teatro: O final.
Final de peça teatral sempre termina em lágrimas e aplausos. As lágrimas podem ser de comoção, felicidade ou tristeza. E os aplausos acompanham as lágrimas pra dizer que o espetáculo alcançou o objetivo e foi bom.
No fim de uma peça, os atores tiram as máscaras e vão pra sua realidade, vão beber, vão estudar, vão namorar...
Mas na vida, o fim não nos permite nem saber o que pensam da nossa apresentação. Quero dizer, como saber o que acharam da nossa breve passagem nessa ligação entre dois pontos?
Como saber quem, ao menos, foi no seu velório?
Não há como retirar as máscaras dos nossos rostos. Essa máscara que eu uso agora, que está sorrindo, não esconde apenas um rosto triste, mas esconde também um coração avariado, machucado, como um ex combatente de guerra que se feriu gravemente e ainda está no campo de batalha, longe dos cuidados de um"a" especialista.
E se eu for esperar o fim da vida pra saber o desfecho da minha história, como se faz nos livros e teatros, significa que a vida em si não importa, e tudo o que importa é o final.
E tudo isso foi só pra dizer que não importa se sou protagonista ou coadjuvante nessa peça chamada felicidade. Tudo o que eu quero é a minha personagem, a que me faz feliz.
Não quero que seja de ninguém, nem importante, nem bonita, nem nada!
Só quero que seja minha, me fazendo sentir como algumas pessoas tem feito eu me sentir. Pessoas que já tem alguém que mandam nos seus corações e que não me permito interferir.
Deus me põe na peça sem me perguntar se eu quero. Me dá um papel dramático, não me recompensou até agora por isso e só tem feito eu me equivocar e me frustrar nessa apresentação.
Tá sendo ruim. O teatro Vida tá cheio, vários conhecidos e conhecidas assistindo e eu só estou me dando mal.
Ou Deus me dá uma companheira na peça "Felicidade", ou nunca mais interpreto histórias de amor no teatro "Vida"!
Aqui eu perco meu tempo, mas aqui eu ganho voz e vez!


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